terça-feira, 8 de junho de 2010

Toda Nudez Será Castigada
Elenco inspirado aproxima universo rodrigueano do público
Cristian Avello Cancino
Divulgação
A atriz Leona Cavalli como a prostituta Geni: tragédia rodrigueana
Em Toda Nudez Será Castigada uma “mulher pública”, um viúvo rico e seu filho virgem vivem um triângulo amoroso que não poderia acabar bem.
Nessa tragédia carioca de Nelson Rodrigues, Leona Cavalli (Mistérios Gozosos, de Zé Celso) é Geni e Hélio Cícero (Paraíso Zona Norte, de Antunes Filho) é Herculano, interpretando sob a direção inspirada de Cibele Forjaz, que reestréia seu Toda Nudez... no Teatro Oficina.
Inspirada porque, além de transformar a platéia em palco (os espectadores sentam no chão e as cenas transcorrem no meio do público), a relação entre pai, filho e prostituta torna-se ainda mais angustiante e trágica, dada a proximidade do público com os atores.
Tudo começa quando, no plano da realidade, Herculano ouve uma gravação deixada por Geni. Ela conta as razões de seu suicídio, envolvidas em frustração e desejo não correspondido. Hélio Cícero faz tão bem o homem reprimido, o arcabouço de moral ambulante criado por Nelson, que às vezes é necessária uma concentração maior para poder compreender as frases timidamente sussurradas pelo ator.
Em flashback, Herculano tenta resgatar Geni da prostituição, ao mesmo tempo em que alimenta o ciúme de Serginho (Vadim Nikitin), o filho recluso que inveja o pai. A narração é circular, evolui num vai-e-vem angustiante até o desfecho mais rodrigueano possível, surpreendente. Homem reservado procura mulher pública

Um comentário: